segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Enfermeiros discordam dos cortes na saúde para 2012.

"Germano Couto, presidente da Secção Regional Norte da Ordem dos Enfermeiros (SRN da OE), e candidato a Bastonário, pela lista «Enfermagem Primeiro», coloca muitas reservas sobre o corte de 600 milhões de euros no sector da Saúde, segundo foi agora divulgado, com especial incidência nas horas extraordinárias, nas taxas moderadoras, meios complementares de diagnóstico, comparticipação de medicamentos e fusão de serviços.


Isto porque no entender do presidente da SRN da OE, proceder a cortes financeiros, sem a existência dos instrumentos adequados para medir a qualidade dos serviços de saúde, pode resultar na aplicação dos mesmos nos recursos e processos errados. A diminuição da qualidade assistencial poderá colocar a vida das pessoas em risco, sendo que nessa circunstância não só o Estado deverá ser responsabilizado como se poderá assistir a uma majoração de práticas profissionais defensivas, que resultam num aumento da ineficiência.Para além disso, segundo Germano Couto, a inexistência de adequados instrumentos de avaliação e financiamento das intervenções de saúde em Portugal impossibilita a aplicação de cortes selectivos e previamente sujeitos a análises de custo-benefício.«O estado de emergência social que vigora actualmente em Portugal e que se prevê aprofundar no próximo ano faz com que o Sistema de Saúde seja o último reduto para muitas pessoas que não dispõem de qualquer outra rede de apoio social, o que irá aumentar a pressão sobre os serviços que, perante a inexistência de verbas, entrarão em ruptura rapidamente, deixando de poder dar resposta às necessidades para as quais foram desenhados», alerta Germano Couto. O problema das horas extraordinárias, segundo este dirigente da OE, não se resolve limitando-as, ou reduzindo os recursos, mas sim alterando os processos. «É necessário realizar uma profunda revisão das competências e papéis desempenhados pelos diversos actores do Sistema de Saúde de forma a tornar este mais eficiente para o cidadão e, consequentemente, menos oneroso para os contribuintes. Por outro lado, profissionais de saúde do Serviço Nacional de Saúde e nomeadamente os enfermeiros que na passada quinta-feira viram diminuir a sua remuneração anual em 14% a partir do próximo ano, começam a ficar saturados de serem tratados pelo discurso político como se fossem apenas despesa do Estado, quando o desperdício tem sido provocado pela incapacidade de tomar as melhores opções na governação e gestão do sistema que permitiu abusos arbitrários cuja dimensão começa a ser agora conhecida». Observa o candidato a Bastonário, Germano Couto, que alerta ainda para o facto dos muitos dos supostos desperdícios, identificados empiricamente, estão associados à falta de coordenação e organização das várias respostas do Sistema de Saúde. «É necessário reavaliar as Parcerias Publico Privadas (PPP) existentes, e à semelhança do que se prevê para o sector de transportes, renegociar as PPP que estão a resultar em prejuízos avultados para o erário público em virtude do incumprimento do contrato de gestão conforme tem sido evidenciado pela ERS e pelo Tribunal de Contas», conclui."

Fonte:O Rio.PT

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