12-10-2010 |
Reacção da Ordem dos Enfermeiros à suspensão de concursos e aos «cortes» na Saúde |
"Lisboa, 12 de Outubro de 2010 – No seguimento das medidas de contenção anunciadas pelo Governo – nomeadamente no que diz respeito ao congelamento dos concursos que já estavam a decorrer e à necessidade de efectuar mais «cortes» nas despesas, a Ordem dos Enfermeiros vem afirmar o seguinte:
- A racionalização na Saúde é algo fundamental para um funcionamento eficiente do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e dos serviços por ele financiados, podendo até assumir um novo impulso com a situação económico-financeira que o País atravessa. Contudo, e uma vez que estamos a falar da saúde / doença e do sofrimento de seres humanos, o acesso a cuidados de saúde e a qualidade dos mesmos não podem ser colocados em causa por medidas economicistas ou «cortes cegos» na vertente da despesa.
- A Ordem dos Enfermeiros teme que as implicações das medidas que têm vindo a ser anunciadas para o sector da Saúde venham a ter consequências dramáticas para muitas famílias, que, a braços com dificuldades para fazer face às suas necessidades diárias, se vejam agora privadas do acesso à Saúde, um bem e um direito constitucionalmente consagrado.
- Da mesma forma que a Ordem dos Enfermeiros considerou inaceitável, em Maio último, o congelamento das admissões na Função Pública – sabendo já que a carência de enfermeiros nos serviços atingia níveis preocupantes – também agora se considera totalmente inaceitável o congelamento de concursos que já estavam a decorrer. Congela-se, assim, a contratação dos cerca de 4 mil enfermeiros, alguns deles a desempenhar funções e outros que poderiam garantir o necessário reforço nos serviços de saúde. Esta decisão pode colocar em causa o funcionamento de várias unidades, nomeadamente no que respeita aos centros de saúde – locais que asseguram e deverão cada vez mais tornar-se a referência essencial para grande parte dos cuidados de proximidade à população.
- A situação económico-financeira de muitas famílias pode desencadear novas necessidades em cuidados de saúde e estas, conjugadas com medidas que diminuam ou não reforcem as condições de resposta, farão com que o país seja confrontado com acréscimos de gastos eventualmente imprevisíveis à data de hoje.
- A verificar-se o congelamento dos concursos que estavam a decorrer – e a possibilidade dos lesados recorrem aos tribunais para serem ressarcidos desta suspensão – a poupança que o Ministério das Finanças pretende obter não se concretizará, com prejuízo directo nas contas públicas, mas sobretudo na saúde dos seus concidadãos.
- Assim sendo, a Ordem dos Enfermeiros apela a todos os colegas a intervirem activamente na luta contra os desperdícios e exige que o Ministério das Finanças crie uma situação de excepção para a Saúde. No caso dos enfermeiros, que seja possível contratar os profissionais necessários para unidades já de si tão carenciadas, tendo como prioridade os cuidados de proximidade e a harmonização geográfica. A Ordem dos Enfermeiros apela ainda ao Ministério da Saúde que as decisões que vier a tomar tenham em consideração as dificuldades que as famílias atravessam.
Enf.ª Maria Augusta Sousa, Bastonária da Ordem dos Enfermeiros
Lisboa, 12 de Outubro de 2010"
Lisboa, 12 de Outubro de 2010"
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