terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Enfermeiros reclamam igualdade nas carreiras.


"Greve marcada para os próximos dias 27, 28 e 29 poderá ser a maior de sempre.

Prevê-se que a paralisação marcada para esta semana seja uma das maiores greves de sempre dos enfermeiros. Em causa estão as regras de carreira que estes profissionais dizem estar desvalorizada. E dizem que se corre o risco de perder a oportunidade ser feita justiça.


"Há dez anos que somos licenciados e agora que somos técnicos superiores como os médicos, os farmacêuticos ou os psicólogos, o Governo trata-nos como se não o fôssemos". A explicação chega pela boca de Belmiro Rocha, que preside à Associação Portuguesa de Enfermeiros de Reabilitação, enquanto compara a remuneração de um enfermeiro em início de carreira com a de um outro qualquer técnico superior ao serviço do Estado. A diferença pode chegar aos 500 euros. Em cima da mesa negocial dos sindicatos e do Ministério da Saúde está, para além da carreira e da grelha salarial, as transições da "velha" carreira para a "nova", o acordo colectivo de trabalho e a avaliação de desempenho. É neste pacote negocial que os enfermeiros especialistas, como Belmiro Rocha, anseiam ver o reconhecimento e a equivalente remuneração.


Entre os cerca de 60 mil enfermeiros existentes no nosso país, cerca de 10 mil são especialistas, um número muito longe, dizem, das necessidades. São muitos, aliás, os que não podem sequer exercer a especialidade dada a parca dotação de enfermeiros generalistas nos mais variados serviços do SNS.


Nos centros de saúde, a situação chega a ser gritante. Segundo Carla Ferraz, enfermeira-chefe, casos há em que existem rácios de um enfermeiro para três mil utentes, quando o máximo deveria rondar os 1500 por enfermeiro.


E agora que começam, lentamente, a avançar as Unidades de Cuidados à Comunidade (UCC), coordenadas por enfermeiros e em contacto muito directo com as populações, as muitas dezenas de candidaturas poderão ficar na gaveta. Isto, se não forem contratados mais profissionais.


Segundo o presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros, Germano Couto, existem casos de serviços, sobretudo em hospitais, em que a dotação é metade da que deveria ser. "E isto representa um paradoxo na medida em que se trata de uma classe em que existe uma elevada taxa de desemprego". "Segundo um estudo da Ordem, um recém-licenciado demora, em média, seis meses a um ano a conseguir emprego. Muitos preferem mesmo ir para países como a Espanha, Inglaterra e Irlanda", conta Germano Couto.

Situação bem diferente da que se vive em Portugal já que, segundo António Gabriel Martins, enfermeiro especialista, dos 68 Agrupamentos de Centros de Saúde criados, apenas um tem por director-executivo um enfermeiro. "É um exemplo cabal da forma como não existe um feed-back por parte da Administração Central de todo o trabalho de qualificação a que os enfermeiros se têm prestado", concluiu."


Fonte: J.N.

J.V.

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